27.7.04

100º Post

Como os habituais frequentadores deste mundo das especiarias repararam a nossa Canela anda muito ausente. Assim sendo, não consigo alongar mais este momento e fazer o "nosso" centésimo post. Digo nosso porque é em sua homenagem que o faço.
Para ti minha canela: um poema de Fernando Pessoa, bem ao teu gosto! E que este marco no nosso cantinho te dê forças para avivar esta casa!!!!


"DOBRE


Peguei no meu coração
E pu-lo na minha mão
Olhei-o como quem olha
Grãos de areia ou uma folha.


Olhei-o pávido e absorto
Como quem sabe estar morto;


Com a alma só comovida
Do sonho e pouco da vida."



(Fernando Pessoa, 1913)


Noz-moscada (pensando na Canela)

14.7.04

A Arte de Ser Feliz

"Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio,
ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem,
para as gotas de água que caíam de seus dedos magros
e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Às vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,
uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente,
que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."

(Cecília Meireles)

Noz-moscada


"Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio,
ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem,
para as gotas de água que caíam de seus dedos magros
e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Às vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,
uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente,
que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."

(Cecília Meireles)

Noz-moscada


9.7.04

Horizonte...

horizonte.jpg

...imagens como estas têm de ser partilhadas...

Noz-moscada


1.7.04

A Noite

"Parto logo a seguir ao dia meu cavalo rápido bate suas asas-colibri, a distância a que me encontro do meu astro é apenas representável por uma fórmula aromática feita de o sonho que tive esta manhã, a tua face macia, e aquela flor que desprezaste e murchou multiplicada por zeros intermináveis até que ao acordar sei que nunca a lua foi para ti um destino"
(José Miranda Veiga)
Noz-moscada